No fim-de-semana passado, eu e a minha família fomos ao casamento de uma amiga minha de trabalho, em Espanha.
A noiva espanhola, ele Australiano nascido no Peru.
Conheceram-se em Londres, no hospital onde ambos trabalham. Ela é enfermeira, ele é engenheiro informático.
Conheci esta minha colega há 6 anos quando ambas começamos a trabalhar no mesmo serviço.
Na altura não éramos muito próximas. Mas quiseram as adversidades pelo qual passamos juntas, que nos aproximássemos.
Na época, ela estava sozinha em Londres. A irmã (a única família que lhe restava) morava em Madrid com o namorado. Ficaram órfãs de pai e mãe aos 15 anos.
Ela nunca foi de falar muito da família e do que se passou. Nota-se que não quer que sintam pena.
Ela é uma lutadora. Aprendeu a sê-lo.
Era óptima profissional, mas notava-se que não estava feliz.
Decidiu despedir-se e ir trabalhar para os Emirados. Não havia nada que a prendesse a Londres.
Mas como a vida escreve direito por linhas tortas, o visto de trabalho nunca saiu e ela acabou por voltar ao hospital onde viria a conhecer o agora marido. Neste momento, aos 33 anos, é chefe de serviço num hospital de Londres.
O casamento foi intimista numa quinta deslumbrante na Galiza. 60 convidados apenas, vindos de um pouco por todo o mundo: Inglaterra, Irlanda do Norte, República da Irlanda, Australia, Índia, Filipinas, Espanha, Estados Unidos da América, Peru, Jamaica, Portugal… Os discursos divertidos e emotivos.
A história deles foi contada pelos convidados mais próximos. Diferentes perspectivas, umas em castelhano, outras em inglês. Mas a emoção não tem língua. Todos nós conseguimos perceber a essência de cada discurso. Muitas lágrimas de alegria e de saudade. Os pais dela foram brindados. Certamente eles tiveram um dedinho neste destino.
A vida dá voltas. Muitas vezes é cruel.
Mas cabe-nos a nós nunca desistir e acreditar que tudo acontece por uma razão.
Não sou religiosa mas quero acreditar que existe algo superior. Algo que está sempre lá para nos guiar.
E acredito que o que julgamos ser erros cometidos não são em vão. São aprendizagem e preparação para o que nos espera.
Por vezes sentimo-nos perdidos. Dá vontade de não sair da cama.
Mas basta acreditar, que amanhã vai ser um dia melhor.
Que vamos encontrar o nosso caminho. Porque vamos mesmo.
Vejam o que esta minha colega alcançou sozinha. Poderia ser uma menina a viver uma vida acatada numa aldeia costeira da Galiza, com medo de viver. Afinal, a vida estava a ser sua madrasta.
Mas não.
Arregaçou as mangas e construiu uma vida de mérito com muito profissionalismo, dedicação e paixão.
Cabe-nos a nós apenas traçar o nosso destino. E mudar o nosso futuro.