Hoje quero apresentar-vos a Ana e o seu projeto que começou numa “Cozinha Pirata” e seguiu caminho até à Natureza. Um projeto que fala português com sotaque do Brasil e, como todos os outros que apresentamos na mum’s needs, nasceu depois da maternidade.
Do Minho para Rio Grande do Sul, conheçam a história da Aldeia – Apoio à Parentalidade.
“O meu nome é Ana Rodrigues, tenho 34 anos, sou mãe do Leonardo de quase 3 anos.
Sou Antropóloga de formação, mas nunca atuei na área.
A minha grande paixão sempre foi a cozinha, trabalhei em restaurantes, abri o meu, fechei e daí dei inicio ao meu primeiro projeto a “Cozinha Pirata”.
Este surge estava eu gravida. Sempre ouvi dizer que a gravidez muda muito as pessoas, principalmente a mulher. Mas eu sempre fora super workaholic então, inicialmente, na minha cabeça, “estava tudo bem, o Leonardo ir para uma creche aos 4 meses”, mas este pensamento não durou muito.
Assim que a barriga começou a crescer, não podia mais imaginar deixar o meu piratinha em mãos desconhecidas para eu ir ganhar um pouco mais de um salário mínimo.

O grande motivador dos meus projectos foi o meu marido. Em acordo com o ele, optamos por contar até ao ultimo centavo e eu ficar em casa com o bebé. #escolhiserpobre De facto, ele tem sido o meu braço direito, me apoiando e dando muita força para encarar tudo e ir na cara e coragem para abraçar estes projetos.
Com o nascimento do Leonardo surgiu a verdadeira solidão. Quando procuras criar o teu filho de forma simples, com apego, muito colo e muita teta, muitos dedos te são apontados.
Aqui é quando o babywearing surge na minha vida para me salvar e poder dar seguimento à Cozinha Pirata. Neste meio, fui conhecendo outras mães tão solitárias quanto eu. Tão incompreendidas quanto eu.

É neste momento que o velho ditado africano “Para educar uma criança é preciso uma Aldeia inteira” me surge.
Nunca nada me fez tanto sentido, não apenas para educar uma criança, mas para que as mães, pais pudessem se apoiar, se acolher, se abraçar, trocar ideias.
Entretanto, o amor pelo babywearing vai aumentando e, em conjunto com outra mulher de garra, decidimos começar a fazer encontros mensais de babywearing e fundamos as “Minhotas Carregadeiras”. Aqui conheci pessoas que levo para a vida, com toda a certeza. Então, a palavra Aldeia começa cada vez mais a fazer sentido e a ser sentida.
Assim, formei-me em consultora de babywearing para que desta forma pudesse levar mais informação a cada família.

Entretanto, mudei-me para o Brasil.
Entre mudanças de vida, de casa, de continente, tivemos que enfrentar uma perda. Durante alguns meses vivemos o luto. Tentei procurar uma cura, uma forma de conseguir encarar aquele momento. E vem de novo toda a ideia de Aldeia que quase por momentos esqueci.
Fundei então a “Aldeia – Apoio à parentalidade”.
Nos quase 3 anos de maternidade real, muitos ensinamentos têm sido adquiridos, e outra coisa é ter a certeza que o meu filho receberá o maior apoio possível da minha parte. Isto, e a vivência de um ano de voluntariado num projeto educacional “O mundo somos nós” comprovaram que a educação e os ensinamentos vão muito além do que a maioria das escolas convencionais oferecem.
Desta forma, o Léo não está matriculado em nenhuma escola e temos desenvolvido atividades com outras crianças da idade dele, e acreditamos que o contato com a natureza é fundamental para o seu desenvolvimento e harmonia. Associado a isto vamos acolhendo outras famílias alienígenas como a nossa, dando apoio, se desenvolvendo, se dando colo, amor e cuidado.

Nestes poucos meses de vida estamos fazendo algumas parcerias, dentro da dança com babywearing, disciplina positiva, yoga e outras coisas mais.
Deixar o mundo para se dedicar á maternidade e tudo o que ela envolve é absurdamente gratificante, cansativo, mas vale cada minuto.
Claro que por vezes parece que uma pessoa não sabe falar mais nada a não ser de crianças, mas junto com elas cada abraço que se troca com uma mãe vale tudo. Sentir a empatia, tolerância rolando é sensacional.
Então a Aldeia é isto, um lugar de acolhimento, empatia, apoio, solidariedade e cuidado para a criança e seus cuidadores.”

Parabéns Ana por este projeto de alma e coração que visa melhorar a vida do seu filho e de tantas outras crianças. Eu também acredito que o futuro será este: muito colo, muito carinho, muito tempo em família. E isto tudo, vale mais do que aquilo que conseguiriamos pagar.
Continuação de muito sucesso e quem sabe uma “Aldeia” em Portugal? 😉
Visitem o projeto Aldeia – apoio à parentalidade e vejam o que a Ana anda a fazer do outro lado do Atlântico!
Texto e fotos: Aldeia – Apoio à parentalidade
Edição: mum’s needs