Hoje venho partilhar convosco a história da mãe empreendedora Marta.
A Marta pediu para aderir ao nosso grupo de mães empreendedoras e lá fui eu meter conversa!
O que eu não sabia, é que iria conhecer uma mulher incrível, lutadora, que, apesar de ter a mesma idade que eu, a vida já lhe fez o favor de pregar muitas rasteiras.
E a Marta tropeça, mas não cai.
Ergue-se cada vez com mais força. A força de viver e de dar vida. no seu dia-a-dia e nas suas criações.
Venham conhecer esta mulher e mãe maravilhosa.

“Penso que desde sempre tive este bichinho para criar e vender o que criava, a minha mãe conta muitas vezes de como eu em criança fazia origami e ia vender às vizinhas, montava uma banca e tudo à porta de casa para os vizinhos verem e comprarem
Entretanto, a vida meteu-se no caminho. Estudei e licenciei-me em Educação de infância e entrei no mercado de trabalho. Muito cedo conheci aquele que viria a ser o meu marido. Casei nova, em 2008.
Vi-me desempregada e desesperada com os dias sem nada de útil para fazer…
Comecei então a fazer bijuteria para amigos e familiares. Depressa a notícia se espalhou e comecei a fazer para vender.
Como tinha feito tudo para o meu próprio casamento, lembrei-me que poderia ajudar os noivos que queriam algo muito personalizado e que não sabiam, ou não queriam ser eles próprios a fazer. Entrei assim no mercado dos casamentos. Fiz convites, ementas, livros de honra etc, e fiz muitos!

Até que fiquei grávida do meu primeiro filho, o Tiago.
O Tiago nasceu em 2011 com uma rara e grave doença de pele que ninguém tinha ouvido falar e, consequentemente, ninguém sabia tratar…
Esteve no serviço de neonatologia todos os 15 dias da sua breve vida.
Nesta fase, desisti completamente de procurar emprego na minha área, deixou de fazer sentido para mim.
Entretanto, entre estudos genéticos, engravidei novamente. Mas tive um aborto pouco tempo depois.
Mais tarde, engravidei novamente (a teimosia e à conta de querer tanto ser mãe).
Quando soube que seria outro menino comecei logo a pensar em tudo o que queria fazer para ele. Um dia “tropecei” na arte em feltro e apaixonei-me. O meu primeiro trabalho em feltro foi uma placa para a porta do quartinho do Gabriel.
Gostei tanto, que durante a gravidez fiz muitos estudos acerca desse tipo de trabalho (“as bugigangas”, como dizia o pai do Gabriel).

Quando o meu menino nasceu, mais um balde de água fria… Ele nasceu com a mesma doença do irmão – Epidermólise bulhosa.
Foi transferido para Lisboa no mesmo dia em que nasceu e eu fiquei em Évora, convencida que não iria mais ver o meu filho com vida.
Dois dias depois, ele ainda estava vivo, e eu, em recuperação da cesariana, meti-me a caminho de Lisboa para estar com o meu menino pelo menos mais uma vez.
Assim fiz o percurso Évora- Lisboa – Évora durante um mês.
Até que ele foi transferido para o serviço de infectologia de Santa Maria e aí eu já podia ficar lá com ele.
O pai ia lá ver-nos dia sim dia não. 5 dias depois ele teve que pedir à minha mãe para me substituir. Eu não dormia, não comia e mal me metia de pé…
Comecei então a fazer “turnos” com a minha mãe.
Eu ficava com o Gabriel 4 dias e depois vinha a casa um dia e ficava a minha mãe com ele até eu voltar no dia seguinte
Finalmente conseguimos que o Gabriel fosse transferido para Évora para estarmos mais perto de casa. Ele estava mais estável e eu tinha aprendido “à força” os cuidados a ter com ele.


Ficámos ainda mais um mês no isolamento do hospital de Évora.
Após 3 longos meses de internamentos finalmente fomos para casa.
Foi um período muito difícil, de muitas adaptações, mas tive sempre a precisa ajuda da minha mãe!
O Gabriel sobreviveu, cresceu feliz e não precisou até hoje de voltar ao hospital.
Aprendi a ser mãe, médica, enfermeira e cuidadora, tudo ao mesmo tempo.
Aproveitava os bocadinhos que ele dormia para ir fazendo uns trabalhinhos.
Quando o Gabriel tinha cerca de 1ano e meio a minha técnica com o feltro tinha evoluído muito, mas o meu estado emocional não.
Passava os dias em casa, a cuidar do Gabriel, a fazer o luto do Tiago e a fazer pequenos trabalhos.
Os meus pais decidiram que eu devia sair mais de casa, por isso alugaram-me um atelier. A minha mãe ficava com o Gabriel quando eu ia trabalhar.
Comecei a fazer feiras de artesanato pelo Alentejo e corriam muito bem! Finalmente eu encontrei algo que me fazia tão feliz e realizada como ser humano também.


Em 2015 acabei por me separar. Fiquei sozinha com o Gabriel. Não tinha casa, nem carro, nem emprego. Os meus pais receberam-nos de braços abertos e vivemos com eles até eu conseguir endireitar a vida
Fui forçada a deixar o atelier e o artesanato para trás. Arranjei emprego, aluguei um apartamento para mim e para o meu menino, comprei um carro.
Aos poucos fui voltando a fazer o que realmente me apaixonava. Nos tempos livres, nos bocadinhos entre o trabalho.
Hoje, trabalho numa fábrica à noite, 12h/dia. 4 dias de trabalho e 4 dias de folga. Os meus pais ficam com o Gabriel nos dias que trabalho, mas consigo ainda assim estar com ele todos os dias!
Vivo com o meu pequeno num apartamento que já tem um quartinho para ele 

Ele é o meu maior fã e ajuda-me nos trabalhos, que faço nos dias de folga da fábrica.
O sonho é conseguir fazer desta paixão a minha profissão permanente. Não tem sido fácil pois é um mercado difícil de entrar.
Não tenho dinheiro para pagar publicidade nem para um site chique. O tempo para fazer publicidade nas redes sociais também não é muito, entre o tempo com o meu menino, o trabalho na fábrica, a casa, a escola do Gabriel, fisioterapia, hidroterapia, tratamento de feridas, e o trabalho com o feltro…”


Marta, e é aqui que nós entramos. Deste lado, estaremos para a apoiar, sempre, naquilo que estiver ao nosso alcance.
Obrigada pelo seu talento e muito obrigada por partilhar a sua história connosco. O seu Gabriel tem uma mãe maravilhosa, e o futuro vai tomar a liberdade de a prendar com o melhor que o mundo tem.
Visitem a página do BabyMine e a sua loja Etsy aqui.
Para informações e encomendas podem também enviar email.
Muito sucesso e que seja muito feliz!
NOTA: Estão a ver o lindo casal de bonecos na segunda fotografia? São os meus sobrinhos e a Marta fez estes bonecos com tanto carinho e dedicação que, quando perguntei à minha filha quem eram, ela respondeu sem hesitação: “São os primos!” Melhor crítica não há! Obrigada Marta!
